segunda-feira, 15 de março de 2010

ludismo sentimental (ii)


Havia passado mais de uma semana desde a sua primeira aula. Apesar de se ter comprometido consigo mesma a ir regularmente às aulas a verdade é que aquela primeira de quase quatro horas a havia deixado sem qualquer vontade de voltar sequer a olhar para o livro.

Ainda assim, acabou por tomar a decisão de ir mais uma vez. Era sexta-feira e rapidamente se arrependeu mal ouviu o despertador tocar lembrando-a da pasmaceira que a esperava. Era a primeira e última vez que acordava de propósito para tal.

Já passava das dez horas quando entrou na escola. Estranhou não ver ninguém na recepção mas isso não a demoveu de entrar na sala de aulas.

Boquiaberta lá se conduziu à cadeira mais próxima do quadro. Era o atraente jovem quem lá estava, diante dela, cumprimentando-a com um sorridente “Bom dia” e perguntando-lhe o nome.

Achou que ele não tinha particular jeito para o ensino, no entanto, considerou a aula bem mais interessante do que a primeira.

- Desculpa Sara, esta aula tem que ser um bocado diferente porque o Bruno está quase a ir a exame, mas para a semana começamos isto como deve de ser, ok?

“Sara”, o seu nome, essas quatro letras por ele proferidas fizeram-na estremecer. Nunca semelhante lhe havia acontecido. Apenas conseguiu acenar afirmativamente com a cabeça.

Apesar da promessa que havia feito umas horas antes, decidiu não voltar a faltar a uma aula da manhã. E assim foi, as manhãs, livres ocupava-as com essas aulas. Todos os dias tentava, sem sucesso, meter conversa no final da aula quando todos se haviam ido embora. Demorava, propositadamente, mais tempo a arrumar o seu material. Apesar da simpatia com que o jovem professor a tratava, era apenas mais uma aluna e ainda que mantivesse uma esperança em criar alguns laços com ele, esta tarefa parecia-lhe cada vez mais improvável.

Estava ansiosa que chegassem as férias da Páscoa para puder ir todas as manhãs para a escola. Contudo, mal estas chegaram, a vontade de acordar cedo era pouca e o cansaço juntamente com o aborrecimento que lhe causaram aquelas matérias acabavam por a manter na cama.

Só ao fim de quase uma semana de férias se dignou a lá voltar, desta vez sem qualquer vontade ou interesse em fazer sequer amizade com aquele homem inacessível, queria apenas sossego e de preferência pouca conversa. Não estava, de todo, com vontade de conviver.


(há de continuar)

2 comentários:

  1. Desejos

    Galopante corrida;
    Contra o tempo,
    Contra o amor,
    Contra as pessoas;
    Ténue linha
    Entre realidade e ilusão
    Amores sarcásticos
    E desprovidos de sentimento
    Ilusões!!!
    Sentimentos que unem
    O que não pode ser separado
    Onde almas emergem e se fundem
    Onde tu e eu somos um só
    Onde palavras estranhamente arcaicas
    Ganham nova vida
    A realidade perfeita!!!
    Aquela na qual tu estás comigo e eu estou contigo
    Naquele mundo que é o meu sentimento...

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