quarta-feira, 17 de março de 2010

insónia


Tentava adormecer na esperança vã de descansar.

Estava exausto.

Todas as manhãs o mesmo ritual

Todas as tardes

Todos os dias

Todas as noites

A preocupação.

Os lençóis, por mais envolventes e convidativos

Assemelhavam-se sempre a teias demoníacas que profanavam o seu corpo.

Lutava até à exaustão.

Ainda nelas envolto,

Deixava de sentir

O corpo.

Divagava.

Acreditava que finalmente conseguiria dormir.

Apenas se avizinhavam horas de sofrimento vazio.

Deixava de sentir

A alma.

Era invadido por pensamentos tortuosos

Assombrado.

Até finalmente se deixar ir

Até finalmente deixar de existir

Até….

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