Sentia a falta dele.
Não porque o amasse. Não porque quisesse estar com ele.
Simplesmente porque sentia a sua falta.
A presença daquele homem na sua vida inspirava-a.
Relembrava aqueles negros cabelos de desregrados caracóis nos quais se perdia por tempos infindáveis. E aquelas mãos… Oh aquelas mãos! Aqueles dedos pequenos e rechonchudos a percorrerem-lhe o corpo com destreza enquanto lhe sussurrava tudo aquilo que ela desejava ouvir e que nenhum outro era capaz de dizer. Como adorava a voz dele, a forma como articulava deliciosamente as palavras num tom sério e convicto.
Passara meses a convencer-se do quão desnecessário ele era para o saudável decorrer da sua vida.
De facto, sempre que ele regressava o rumo normal das coisas descarrilava. A felicidade que sentia nestes momentos era depressiva, quase doentia. Levava-a a atentar as maiores barbaridades contra a sua pessoa.
O mundo parava quando ele a abordava. Os dias eram passados na esperança de uma palavra dele. Qualquer que fosse.
A tristeza acompanhava-a ao longo das horas em que ele não demonstrava sinais da sua existência.
Bastava uma palavra. Qualquer que fosse.
O sorriso louco preenchia-lhe de novo o rosto, o brilho era restituído ao seu olhar e tudo o resto desaparecia de novo. A sua vida fazia sentido uma vez mais.
Ficava feliz. Estava feliz.
Era feliz
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