Aquele rosto que há tanto desejava ver, aquelas mãos que esperava sentir em si. Finalmente. Quando o viu pela primeira vez, saída do comboio, sentiu-se fraquejar. A longa viagem que ali a levara, os meses contados, cronometrados até ao momento, percebeu então o porquê de lhe parecerem tão demorados.
Ele procurava-a por entre a multidão irrequieta com os seus enormes olhos esperançosos de a encontrar. Ela olhava-o, parada, acabada de descer aqueles monumentais degraus que à semelhança de uma última provação penosamente a levaram ao exterior da carruagem.
O olhar dele cruzou então o dela. Estagnou. Tudo o que trazia consigo fugiu das suas mãos. As pernas enrijeceram impedindo-a de caminhar. E ele sem perceber as sensações que lhe percorriam violentamente o corpo, permaneceu imóvel.
Ali, como que se o tempo tivesse congelado sentiram-se. Há distância de metros tocaram-se. Sem dar um único passo beijaram-se. Como tantas vezes o haviam feito separados por quilómetros.
Relembraram as noites em que dormiram juntos, aninhados, em que o mundo parava só para se rir dos seus sorrisos patetas. Recordaram os seus medos.
Perceberam aí que aquele carinho não podia terminar ali. Caminhava finalmente em direcção à realidade.
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