Sou marcado pela incessante procura da decifração do enigma do ser. Sei que é um mistério indecifrável mas procuro desvendá-lo.
Confronto-me com a minha pluralidade.
Sou múltiplo. Sou muitos. Sou nenhum.
Sou ninguém.
Acarreto esta fragmentação à qual não fujo. Esta é o meu caminho para o encontro comigo mesmo. Caminho este sem retorno.
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, e em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim.
A multiplicidade de estilhaços em que a minha alma se fragmentou jamais me devolverá a unidade perdida.
A minha identidade.
Resta-me apenas interrogar o mistério. Resta-me unicamente a angústia de saber as questões irrespondíveis e a solidão interior em que vivo. Esta solidão que aumenta descontrolada de cada vez que me olho ao espelho e este não me devolve o rasto.
A inquietação impele-me para uma constante vontade de chegar "além de", de alcançar "o outro lado".
Valorizo o sonho. Mesmo sabendo que este me afasta dos outros. Mesmo sabendo que este me afasta da própria vida.
Sonho hediondo que me impede de viver a vida como ela aparenta ser.
Pois bem sei que Não é com ilhas no fim do mundo que cura a alma o seu mal profundo.